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EDITORIAL DA SEMANA

O RISCO DO EGOCENTRISMO

Entre vantagens, desvantagens e armadilhas coletivas

O ser humano, por essência, transita entre a necessidade de pertencer e o desejo de destacar-se. Essa dualidade é parte constitutiva da vida em sociedade e se manifesta de diferentes formas nos grupos, sejam eles sociais, profissionais ou familiares. Contudo, quando o desejo de se tornar o centro das atenções extrapola o saudável reconhecimento individual e torna-se uma compulsão, entramos no território arriscado do egocentrismo. Mais do que uma característica isolada, trata-se de um comportamento que pode influenciar positiva ou negativamente o processo de consolidação de grupos, redes e organizações.

O egocentrismo pode ser definido como a postura daquele que enxerga o mundo sob a lente exclusiva de si mesmo. Para o egocêntrico, as suas dores são as maiores, os seus feitos os mais relevantes e a sua presença, indispensável. Ele não apenas quer ser visto, mas precisa que os demais validem constantemente sua singularidade. Essa busca incessante cria um paradoxo: ao mesmo tempo que fortalece a autoestima e a confiança individual, mina os vínculos coletivos, corroendo a base da confiança necessária para que qualquer grupo prospere.

Nunca na história da humanidade foi tão fácil cultivar e amplificar o egocentrismo como na era das redes sociais. O que antes se limitava a pequenos círculos de convivência hoje ganha escala global. Como bem afirmou Anselmo Oliveira Jr., “a rede social virou um templo do egocentrismo”. Nesses espaços, o indivíduo não apenas compartilha experiências, mas constrói uma narrativa cuidadosamente editada de si mesmo. Os filtros, os cortes e as legendas não são apenas recursos visuais, mas ferramentas de uma dramaturgia cotidiana onde o “EU” precisa ser o protagonista.

Esse comportamento, que pode parecer inofensivo em sua superfície, carrega implicações profundas. Ao reforçar constantemente a lógica da autopromoção, os sujeitos se tornam reféns da aprovação externa. O “like” funciona como moeda simbólica e a ausência de engajamento pode ser interpretada como uma espécie de invisibilidade social. O egocentrismo digital, portanto, não é apenas uma busca de reconhecimento, mas uma necessidade quase viciante de validação.

Apesar da conotação geralmente negativa, o egocentrismo pode apresentar vantagens, sobretudo quando moderado. Em grupos em processo de consolidação, o indivíduo egocêntrico pode assumir papéis de liderança, uma vez que sua necessidade de destaque o impulsiona a se posicionar, tomar decisões e buscar visibilidade para o coletivo, ainda que motivado por interesses pessoais. Essa exposição pode servir de estímulo para os demais, despertando competitividade, engajamento e inovação.

Além disso, a autoconfiança do egocêntrico pode contagiar o grupo, gerando uma atmosfera de otimismo e energia. Muitas vezes, figuras egocêntricas são responsáveis por tirar projetos da inércia, pois sua ânsia por resultados e reconhecimento os impele a agir em vez de esperar. A obstinação em se diferenciar pode, paradoxalmente, levar à conquista de espaços importantes para o grupo.

Entretanto, as vantagens têm um limite tênue que, quando ultrapassado, expõe um conjunto de desvantagens. O excesso de egocentrismo mina a cooperação. O grupo, que deveria funcionar como organismo coletivo, passa a ser palco de disputas por atenção e poder. A centralidade excessiva de um indivíduo tende a silenciar outros, sufocando talentos e potencialidades que poderiam enriquecer o processo. O resultado é a estagnação e, em casos extremos, a dissolução da coletividade.

Lu Correia sintetiza essa contradição de forma ácida e perspicaz: “⁠O egocentrismo dá ao egocêntrico a sensação de ser único, raro, insubstituível, maioral, ímpar e especial, só não lhe dá a visão para que perceba que é especialmente idiota. E isso é péssimo”. A crítica evidencia o ponto cego do egocentrismo: o indivíduo pode acreditar ser imprescindível, quando na verdade se torna um fardo para a coletividade, incapaz de enxergar o valor dos demais. Esse tipo de comportamento não apenas gera ressentimento, como também pode provocar rupturas irreversíveis.

Outro risco está na dificuldade de lidar com críticas e frustrações. O egocêntrico, acostumado a estar no centro, tende a reagir de maneira desproporcional diante da menor ameaça à sua posição. Em contextos de grupos em formação, isso pode levar a disputas internas desnecessárias, atritos de convivência e até sabotagens veladas, comprometendo a confiança e o espírito colaborativo.

Quando analisamos grupos em fase inicial de desenvolvimento, o impacto do egocentrismo torna-se ainda mais evidente. Nesse momento, os papéis ainda estão sendo definidos, as lideranças não estão consolidadas e a cultura organizacional encontra-se em gestação. A presença de indivíduos que insistem em ser o centro pode gerar desequilíbrios estruturais. Se, por um lado, a energia do egocêntrico pode ajudar a criar identidade e visibilidade, por outro pode instaurar uma dinâmica de exclusão e dependência.

Em equipes de trabalho, por exemplo, o excesso de protagonismo individual tende a enfraquecer a coesão. O grupo deixa de celebrar as vitórias coletivas e passa a depender da performance de um único membro, como se o sucesso fosse mérito de apenas um. Isso cria um terreno fértil para ressentimentos e desmotivação. Em organizações, o risco é ainda maior: a centralização de uma figura egocêntrica pode comprometer a sucessão de lideranças e a própria sustentabilidade do projeto.

Outro aspecto crítico é a ilusão da centralidade. O egocêntrico acredita que sem ele o grupo não avança, quando, na realidade, a vida em comunidade tende a reorganizar-se naturalmente. Essa percepção distorcida pode levar ao isolamento: quanto mais insiste em sua indispensabilidade, mais os demais membros se afastam. O indivíduo, então, acaba experimentando a contradição de ser o centro de si mesmo, mas periférico para o coletivo.

Essa armadilha psicológica revela que o egocentrismo não é apenas um problema relacional, mas também uma limitação pessoal. Ao acreditar-se superior, o egocêntrico fecha-se ao aprendizado, à escuta e à troca de experiências. O crescimento do grupo exige humildade e reconhecimento da diversidade de talentos, algo que o egocentrismo radicalmente inviabiliza.

Diante desse cenário, não se trata de erradicar o egocentrismo, o que seria utópico mas de transformá-lo em energia canalizada para projetos maiores e levando em consideração a importância de grupos. Reconhecer o desejo humano de reconhecimento é parte do processo, mas é preciso equilibrar essa necessidade com a consciência coletiva. O desafio está em cultivar lideranças capazes de valorizar indivíduos sem permitir que um comportamento centralizador inviabilize a pluralidade.

Estratégias como feedbacks constantes, definição clara de papéis e estímulo ao protagonismo compartilhado podem mitigar os riscos. O grupo, ao se consolidar, precisa de um pacto implícito: todos têm valor, mas ninguém é insubstituível. A grandeza de uma coletividade está justamente na capacidade de equilibrar talentos individuais com o propósito coletivo.

O egocentrismo é um fenômeno ambivalente: pode ser combustível para conquistas, mas também veneno para relacionamentos. Em tempos de redes sociais, onde o “EU” se sobrepõe ao “NÓS”, torna-se ainda mais urgente refletir sobre seus riscos e limites. Como lembram as citações, tanto de Anselmo Oliveira Jr. quanto de Lu Correia, o egocentrismo é sedutor, mas também perigoso. Ele pode dar ao indivíduo a sensação de grandeza, mas, se não for contido, leva inevitavelmente ao ridículo e ao isolamento.

Para grupos em consolidação, o desafio é ainda maior: aprender a lidar com figuras egocêntricas sem perder o rumo da coletividade. Afinal, ser protagonista não significa apagar os demais. O verdadeiro valor está em contribuir para que todos brilhem — e não apenas um. O equilíbrio entre reconhecimento individual e crescimento coletivo é, em última instância, o que garante a solidez de qualquer grupo humano.

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Por: Weber Negreiros - CEO WN Treinamento, Consultoria e Planejamento
CEO da Revista Falando de Negócios
  

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