O CHOQUE ÉTICO DAS LEIS DO PODER 12 - Use a honestidade e a generosidade seletivas ...
- Weber Negreiros
- 19 de mar. de 2023
- 5 min de leitura

A honestidade e a sinceridade são comportamentos que desarmam os mais desconfiados, o mais previdente e aliados as atitudes nobres e altruístas geram uma imagem de positividade e confiança, que o coloca como uma pessoa bem avaliada pelo outro. Mas quando tudo isso é usado para a busca do poder a qualquer custo, todas essas atitudes perdem o valor e ganham o papel dentro de uma estratégia de “levar vantagem” em relação ao outro. Quando isso acontece, tudo volta a artificialidade e as conquistas se tornam pouco duradouras.
No nosso artigo da semana vamos tratar da história de homens altos, bem-vestidos, excelente oratória, mas que tem como lema o estilo “bandido bem-intencionado” ou “cavalheiro impostor”, como foi o caso do Conde Victor Lustig que falava pelos quatro cantos: “Tudo perde a graça se não tenho um otário em perspectiva. A vida parece vazia e deprimente. Não consigo compreender os homens honestos. Vivem sem esperanças e cheios de tédio”, uma frase um tanto quanto temerária, mas muito interessante para análise.
Pessoas que se escondem atrás de uma aparente sinceridade e honestidade. Características muito difíceis de serem contrapostas num mundo, em especial nos tempos atuais, onde, “a melhor malandragem é ser honesto”
É uma atitude de alto risco, porém muito utilizada para a conquista de confiança e a construção de cenários favoráveis para grandes investidas e para botes finais.
Por isso, a décima segunda lei do poder de Robert Greene merece mais que uma análise, merece uma percepção diferenciada para pessoas que progridem sobre seus conceitos.
Lei nº 12 – Use a honestidade e a generosidade seletivas para desarmar a sua vítima: Um gesto sincero e honesto encobrirá dezenas de outros desonestos. Até as pessoas mais desconfiadas baixam a guarda diante de atitudes francas e generosas. Uma vez que sua honestidade seletiva as desarma, você pode enganá-las e manipulá-las à vontade. Um presente oportuno – um cavalo de Troia – será igualmente útil.
Quem diria que alguém ousaria a tentar enganar – e o pior conseguir – Al Capone, omais temido gângster da sua época. Isso foi conseguido pelo Conde Victor Lustig em 1926, quando ousou propor ao gângster que o desses 50 mil dólares para duplicá-lo em sessenta dias. E mesmo com a cultura de desconfiar do mundo, Al Capone fez o aporte e dois meses depois recebeu do conde a notícia de que não havia conseguido atingir o objetivo. Porém ele apareceu com o valor integral e sugeriu devolver ao gângster, que surpreso com o ato o presenteou com 5 mil dólares, o valor exato pretendido pelo conde na sua ação de vigarista.
Considero que o Conde Lustig escapou da morte e continuou sua peregrinação fazendo mais vítimas, pois sabia exatamente como alcançar seus objetivos usando da psicologia humana. Ele mesmo dizia que tinha um radar para ótarios, identificando seus pontos fracos e sabendo que a maioria das pessoas são desconfiadas por natureza e jamais esperam um ato de honestidade ou sinceridade das pessoas.
Por isso que é muito difícil você não desarmar frente a atos, aparentemente, sinceros e honestos. Nenhum vigarista comum ou de carteirinha ousaria fazer o que o Conde fez, pois sabia que outros já tentaram e o destino foi o fundo de alguma cova ou rio.
Essa lei sugere que, em situações específicas, ser completamente honesto ou aparentemente sincero pode ser uma ferramenta poderosa para manipular a percepção dos outros. Uma atitude perigosa e que pode gerar a destruição de uma reputação, se é que um dia, para o vigarista, isso existiu.
A essência da trapaça, desonestidade e dissimulação é a distração do outro. Quando você distraiu alguém, você o tira do foco, ganha tempo e espaço e faz com que se crie um ambiente favorável a construção de uma relação por interesse, mas onde surge uma grande cortina de fumaça escondendo as reais intenções do vigarista.
Não podemos usar a dissimulação como regra de vida. Na busca pelo poder as pessoas tomam dos outros muito mais do que apenas bens materiais, as roubam a confiança e o respeito, que mais tarde se tornará decepção.
O ato da honestidade seletiva, abordada por Robert Greene, normalmente surge de forma inesperada, com conteúdos conflitantes e que geram a distração de quem é alvo na tomada na decisão. Essas pessoas normalmente não aceitam as ideias do vigarista se elas não enxergarem alguma vantagem num futuro próximo.
Quando essa lei de aplica aos que construíram seu sucesso na base da trapaça, vemos na prática uma frase muito comum entre os vigaristas: “Ladrão que rouba ladrão, tem cem anos de perdão”, claro que essa é uma visão extremista de quem não acredita em um mundo onde as relações possam ser baseadas na verdade e num interesse mútuo, mas com respeito e harmonia.
De acordo com Greene, alguns aspectos dessa lei são os seguintes:
1. A honestidade aparente faz com que as pessoas baixem a guarda, o que pode fornecer uma vantagem estratégica;
2. Fingir sinceridade pode permitir que você controle a narrativa e forneça informações cuidadosamente selecionadas sem levantar suspeitas;
3. A transparência também pode ser utilizada como um meio de projetar confiança e credibilidade perante os outros.
No entanto, é importante lembrar que essa, é uma lei que deve ser abordada com cautela.
A ética e a integridade são fundamentais em todas as interações humanas, e aplicar essa estratégia na vida real pode levar a desconfiança e deterioração dos relacionamentos. Em vez disso, busque sempre a comunicação clara e respeitosa para construir relações sólidas e duradouras.
Não podemos vender o que não vamos conseguir entregar. Parecer o que não somos. Colocar em risco o sonho dos outros. Comprometer projetos de vida de outras pessoas para viabilizar os nossos. Enfim, não podemos passar a vida toda, achando que fazer sombra com o chapéu alheio é um atalho para o sucesso. Tenham certeza de que essa técnica é um grande atalho para o fracasso e a total perda de credibilidade de um ser humano.
Fechando esse nosso décimo segundo artigo sobre as 48 LEIS DO PODER faria apenas algumas adaptações, baseada nos argumentos acima apresentados:
Use a honestidade e a generosidade para conquistar seus objetivos com todas as pessoas: Um comportamento sincero e honesto lhe diferenciará da maioria dos desonestos. As pessoas desconfiadas não acreditam no poder da generosidade, mas sabem identificar quando as encontram, baixam sua guarda diante de atitudes francas e generosas. Uma vez que vivemos em um mundo onde a malandragem virou regra e a honestidade exceção, pratiquemos a regra de mercado, quando mais escasso mais valorizado o produto é. Sua honestidade e generosidade o tornarão referência, sem precisar enganar ou manipular ninguém e seus objetivos passarão a ser percebidos pelas pessoas e você representará um bem valioso na vida das pessoas que estão acostumadas a receber presentes ingratos da vida.
Por: Weber Negreiros




Comentários